Omnia



É uma banda NeoCelt Pagan Holandesa, que se baseia nas crenças pagãs, a Antiga Religião, especialmente a celta (Druidismo).

A temática das músicas são normalmente relacionadas a divindades e aos tipos de cultos que eram feitos na época antiga e medieval por esse povo, e tentam manter um estilo musical que era feito pelos celtas.

Temos em seu repertório instrumental: gaitas, flautas, tambores (conhecidos como Bodhran), harpa, entre outros instrumentos ritualísticos.

Magia - Uma Introdução

Das palavras persas magi ou magus (sábio), MAGIA é a ciência que estuda os segredos da natureza e a sua relação com o homem, criando assim um conjunto de teorias e práticas que visam ao desenvolvimento integral das faculdades internas e ocultas do Homem, até que este tenha o domínio total sobre si mesmo e sobre a natureza. A magia tem características ritualísticas e cerimoniais que visam entrar em contato com os aspectos ocultos do Universo e da Divindade.

A magia, segundo seus adeptos, é muitas vezes descrita como uma ciência que estuda todos os aspectos latentes do ser humano e das manifestações da natureza. Trata-se assim de uma forma de encarar a vida sob um aspecto mais elevado e espiritual. Os magos, utilizando-se de atividades místicas e de autoconhecimento, buscam a sabedoria sagrada e a elevação de potencialidades do ser-humano.


A magia seria também a ciência de simpatia e similaridade mútua, como a ciência da comunicação direta com as forças sobrenaturais, um conhecimento prático dos mistérios ocultos na natureza, intimamente relacionada as disciplinas ditas ocultas, como o hermetismo do antigo Egito , como a Alquimia, a Gnose, a Astrologia.


No final do século XIX ressurgiu, principalmente após a publicação do livro A Doutrina Secreta, de Helena Petrovna Blavatsky e pela atuação da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado (Hermetic Order of the Golden Dawn), na Inglaterra, que reviveu a magia ritualística e cerimonial.


A prática da magia requer o aprendizado pelo iniciado de diversas técnicas de autocontrole mental, como a meditação, visualização e contemplação. Franz Bardon, proeminente mago do século XX, afirmava que tais exercícios tem como objetivo equilibrar os quatro elementos presentes na psique do mago, condição indispensável para que o praticante pudesse se envolver com energias mais sutis, como a evocação e a invocação de entidades, espíritos e elementais (seres da Natureza), dentro de seu círculo mágico de proteção. Outras práticas mágicas incluem rituais como o de iniciação, o de consagração das armas mágicas, a projeção astral, produção de amuletos e a manipulação de símbolos e outros com objetivos particulares.



P.S.: Essa pequena introdução à Magia tem como objetivo dar apenas o passo inicial ao Universo oculto dos Iniciados.

Blackmore's Night



Blackmore’s Night, banda de música renascentista com pitadas de rock, formada pelo guitarrista Ritchie Blackmore (Deep Purple, Rainbow) que além da guitarra, violão e mandolim, na banda ele também toca hurdy gurdy (um instrumento medieval) percurssão renascentista e tambourim e pela sua companheira Candice Night, nos vocais, shaws, rauchpfife, pennywhistle e chanters.

Tem também como músicos Lady Nancy e Lady Madeline (Sisters of the Moon) dividindo os backing vocals, Bard David of Larchmont (tocando piano, orgão, harpsichord, acordeão e pipe organ), Squire Malcolm como percussionista e Sir Robert of Normandy, um multi-instrumentista atuando especialmente como baixista.

A banda foi formada em 1997 apenas como um projeto do guitarrista e sua companheira, com o seu primeiro álbum Shadow Of The Moon, que contou com a presença do flautista Ian Anderson numa de suas faixas, este teve uma boa repercursão. Excursionaram especialmente pela Europa, tocando em lugares com ambientes medievais, como os castelos europeus. Nos quais até os fãs os assistem vestidos a caráter: lords, pricesas, camponesas e até bobos da côrte.

Site Oficial: http://www.blackmoresnight.com/

Cocteau Twins



Os Cocteau Twins foram uma banda escocesa de dream pop, formada em Grangemouth, Escócia, em 1979. Os seus membros eram Elizabeth Fraser (vocais), Robin Guthrie (guitarra), Will Heggie (baixo), Simon Raymonde (baixo, em 1983, com a saída de Heggie).

Poucos grupos foram tão originais e prolíficos quanto esse trio escocês. Gravavam pela minúscula 4 AD e, ao lado de New Order e Smiths, foram os maiores nomes da cena independente britânica, no que diz respeito a lançamentos e vendagens.
Com os vocais maravilhosos de Elizabeth Fraser e uma camada sonora produzida ao som de baixo, guitarra, teclado e bateria eletrônica, o Cocteau Twins teve uma das propostas sonoras mais interessantes, ainda que não funcionassem muito bem ao vivo, fato este comprovado quando a banda tocou em São Paulo no início da década de 90. O nome veio de uma velha canção do (também) grupo escocês Simple Minds. Se você acha que a voz mais exótica do pop dos anos 80 e 90 é a de Björk e nunca ouviu o Cocteau, prepare-se para reavaliar seu conceito.

Site Oficial: http://www.cocteautwins.com/

Oxóssi, o Caçador



OXÓSSI NA ÁFRICA

Oxóssi, o deus dos caçadores, teria sido o irmão caçula ou filho de Ogum. Sua importância deve-se a diversos fatores.

O primeiro é de ordem material, pois, como Ogum, ele protege os caçadores, torna suas expedições eficazes, delas resultando caça abundante.

O segundo é de ordem médica, pois os caçadores passam grande parte do seu tempo na floresta, estando em contato freqüente com Ossain, divindade das folhas terapêuticas e litúrgicas, e aprendem com ele parte do seu saber.

O terceiro é de ordem social, pois normalmente é um caçador que, durante suas expedições, descobre um lugar favorável à instalação de uma nova roça ou de um vilarejo. Torna-se assim o primeiro ocupante do lugar e senhor da terra (oníle), com autoridade sobre os habitantes que aí venham a se instalar posteriormente.

O quarto é de ordem administrativa e policial, pois antigamente os caçadores (ode) eram únicos a possuir armas no vilarejo, servindo também de guardas-noturnos (oso).

Uma lenda explica com surgiu o nome osoosì, derivado de osowusì (“o guarda noturno é popular”):

“Olofin Odùduà, rei de Ifé, celebrava a festa dos novos inhames, um ritual indispensável no inicio da colheita, antes do quê, ninguém podia comer desses inhames. Chegado o dia, uma grande multidão reuniu-se no pátio do palácio real. Olofin estava sentado em grande estilo, magnificamente vestido, cercado de suas mulheres e de seus ministros, enquanto os escravos o abanavam e espantavam as moscas, os tambores batiam e louvores eram entoados para saudá-lo. As pessoas reunidas conversavam e festejavam alegremente, comendo dos novos inhames e bebendo vinho de palma. Subitamente um pássaro gigantesco voou sobre a festa, vindo pousar sobre o teto do prédio central do palácio. Esse pássaro malvado fora enviado pelas feiticeiras, as Ìyámi Òsòròngà, chamadas também as Eleye, isto é, as proprietárias dos pássaros, pois elas utilizam-nos para realizar seus nefastos trabalhos. A confusão e o desespero tomam conta da multidão. Decidiram, então, trazer sucessivamente Oxotogun, o caçador das vinte flechas, de Ido; Oxotogí, o caçador das quarenta flechas, de Moré; Oxotadotá, o caçador das cinqüenta flechas, de Ilarê, e finalmente Oxotokanxoxô, o caçador de uma só flecha, de Iremã. Os três primeiros muitos seguro de si e uns tanto fanfarrões, fracassaram em suas tentativas de atingir o pássaro, apesar do tamanho deste e da habilidade dos atiradores. Chegada a vez de Oxotokanxoxô, filho único, sua mãe foi rapidamente consultar um babalaô que lhe declarou: “ Seu filho esta a um passo da morte ou da riqueza. Faça uma oferenda e a morte tornar-se-á riqueza” . Ela foi colocar na estrada uma galinha, que havia sacrificado, abrindo-lhe o peito, como deveriam ser feitas as oferendas as feiticeiras, e dizendo três vezes: “Quero o peito do pássaro receba esta oferenda” . Foi no momento preciso que seu filho lançava sua única flecha. O pássaro relaxou o encanto que o protegia, para que a oferenda chegasse ao seu peito, mas foi a flecha de Oxotokanxoxô que o atingiu profundamente. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu. Todo mundo começou a dançar e cantar: “Oxó (Oso) é popular! Oxó é popular! Oxowussi (Osowusì)! Oxowussi!! Oxowussi!!”

Com o tempo Osowusì transformou-se em Osoosì.



OXÓSSI NO NOVO MUNDO

O culto de Oxossi encontra-se quase extinto na África, mas bastante difundido no Novo Mundo, tanto em Cuba como no Brasil. Na Bahia chega-se mesmo a dizer que ele foi rei de Kêto, onde outrora era cultuado. Isso explica, talvez, pelo fato de este país ter sido completamente destruído e saqueado pelas tropas do rei Daomé, no século passado, e seus habitantes, inclusive os iniciados de Oxossi, foram vendidos como escravos para o Brasil e Cuba. Esses africanos trouxeram consigo o conhecimento do ritual de celebração desse culto. Chegou-se a tal ponto que, embora extinto ainda em Kêto os locais onde Oxossi recebia outrora referendas e sacrifícios, já não existiam atualmente pessoas que saibam ou desejem cultua-lo.

No Brasil, seus numerosos iniciados usam colares de contas azul-esverdeadas e quinta-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Seu símbolo é, como na África, um arco e flecha em ferro foriado. Sacrificam-lhe porcos e são lhe oferecidos pratos de feijão preto ou fradinho com eran patere (miúdos de carne).

Oxossi é sincretizado na Bahia com São Jorge e com São Sebastião no Rio de Janeiro, enquanto em Cuba ele é São Noberto.

No decorrer do “ xirê” dos orixás, ele segura em uma das mãos um arco e flecha, seus símbolos, e na outra um “ erukerê” (espanta moscas), insígnia de dignidade dos reis da África e que lembra ter sido ele rei de Ketô. Suas danças imitam a caça, a perseguição do animal e o atirar da flecha. Oxossi é saudado com o grito “Okê!” .

Conta-se no Brasil que Oxossi era irmão de Ogum e de Exu, todos os três filhos de Iemanjá. Exu era indisciplinado e insolente com sua mãe e por isso ela o mandou embora. Os outros dois se conduziam melhor. Ogum trabalhava no campo e Oxossi caçava na floresta das vizinhanças, de modo que a casa estava sempre abastecida de produtos agrícolas e de caça. Iemanjá, no entanto, ainda inquieta resolveu consultar um babalaô. Este lhe aconselhou a proibir que Oxossi saísse à caça, pois se arriscava a encontrar Ossain, aquele que detém o poder das plantas e que vivia nas profundezas da floresta. Oxossi ficaria exposto a um feitiço de Ossain para obriga-lo a permanecer em sua companhia. Iemanjá exigiu, então, que Oxossi renunciasse as suas atividades de caçador. Este, porém de personalidade independente, continuou suas incursões à floresta. Ele partia com outros caçadores, e como sempre faziam, uma vez chegados juntos a uma grande árvore (ìrókò), separavam-se, prosseguindo isoladamente, e voltavam a se encontrar no fim do dia e no mesmo lugar. Certa tarde, Oxossi não voltou para o reencontro, nem respondeu aos apelos dos outros caçadores. Ele havia encontrado Ossain e este lhe dera pára beber uma poção onde foram maceradas certas folhas, como a amúnimúyè, cujo nome significa “ apossa-se de uma pessoa e de sua inteligência” , o que provocou Oxossi uma amnésia. Ele não sabia mas quem era nem onde morava. Ficou, então, vivendo na mata
com Ossain, como predissera o babalaô.

Ogum inquieto com a ausência do irmão partiu à sua procura, encontrando-o nas profundezas da floresta. Ele o trouxe de volta, mas Iemanjá não quis mas receber o filho desobediente. Ogum, revoltado pela intransigência materna, recusou-se a continuar em casa (é por isso que o lugar consagrado a Ogum está sempre instalado ao ar livre). Oxossi voltou para a companhia de Ossain, e Iemanjá, desesperada por ter perdido seus filhos, transformou-se em um rio, chamado Ògùn (não confundir com Ògún, o orixá).

O narrador desta lenda chamou a atenção para o fato de que “ esses quatro deuses iorubas — Exu, Ogum, Oxossi e Ossain — são igualmente simbolizados por objetos de ferro forjado e vivem ao ar livre”.



ARQUÉTIPO

O arquétipo de Oxossi é o das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento. São pessoas cheias de iniciativas e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades. Têm o senso de responsabilidade e dos cuidados para com a família. São generosas, hospitaleiras e amigas da ordem, mas gostam muito mudar de residência e de achar novo meios de existência em detrimento, algumas vezes, de uma vida doméstica harmoniosa e calma.



OUTROS DEUSES DE CAÇA

Oreluerê (Orelúéré)

Além de Ogum e Oxossi, existem outros deuses da caça entre os iorubas, citemos Ore (Ore) ou Orelúéré (Oreluerê), que, segundo alguns, teria sido um dos dezesseis companheiros de Odùdùa na ocasião de sua chegada a Ifé. Segundo outros, ele teria sido um dos chefes dos igbôs, juntamente com Orixalá, para opor uma forte resistência aos invasores.



Inlé (Erinle)

Em Ijexá, onde passa um rio chamado Erinle, há um deus da caça com o mesmo nome. Seu templo principal é em Ilobu, onde, segundo onde Ulli Beier, dois cultos teriam se misturado: o culto do rio e do caçador de elefantes, que, em diversas ocasiões, viera ajudar os habitantes de Ilobu a combater seus adversários. Seu símbolo, de ferro forjado,é um pássaro fixo sobre uma haste central, circundada por dezesseis outra hastes sobre as quais se encontra também um pássaro. O culto de Erinle realiza-se as margens de diversos lugares profundos (ibù) do rio. Cada um desses lugares recebe um nome, mas é sempre Erinle que é adorado sob todos esses nomes. Ele recebe oferendas de acarajé, de inhames, bananas, milhos, feijão assado, tudo regado com azeite-de-dendê.

No Brasil e em Cuba é conhecido com o nome de Inlé.


Ibualama (Ibùalámo)

Um desses lugares profundos de Erinle dos quais falamos acima Ibùalámo (Ibualama). Ele tem uma certa notoriedade e é objeto de um culto praticado no Novo Mundo, principalmente na Bahia, onde, durante as danças, ele traz nas mãos o símbolo de Oxossi, o arco e flecha de ferro, assim como uma espécie de chicote (bilala), com o qual ele se fustiga a si mesmo.



Logunedé (Lógunede)

Erinle teria tido, com Oxum Ipondá, um filho chamado Lógunede (Logunedé), cujo culto se faz ainda, mas raramente, em Ilexá, onde parece estar em vias de extinção. No Brasil, tanto na Bahia como no Rio de Janeiro, Logunedé tem, entretanto, numerosos adeptos. Esse deus tem por particularidade viver seis meses do ano sobre a terra, comendo caça, e os outros seis meses, sob as águas de um rio, comendo peixe. Ele seria também, alternadamente do sexo masculino, durante seis meses, e do sexo feminino durante os outros seis meses. Esse deus, segundo se conta na África, tem aversão por roupas vermelhas ou marrons. Nenhum dos seus adeptos ousaria utilizar essas cores no seu vestuário. O azulturquesa, entretanto parece ter sua aprovação. É sincretizado na Bahia com São Expedito.



Cor: Azul-Turquesa.
Símbolos: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré (pêlos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios).
Elemento: Terra (florestas e campos cultiváveis).
Domínios: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura.
Saudação: Okê Arô! ("Salve o Caçador!") Arolé!
Dia: Quinta-feira
Sincretismo: No Rio de Janeiro, é sincretizado com São Sebastião, patrono da capital carioca e, na Bahia, com São Jorge. Na santería cubana é sincretizado com São Alberto Magno e São Norberto, particularmente, em Santiago de Cuba, é "Santiago Arcanjo".

Fonte: "Os Orixás" de Pierre Verger

O Mito de Apolo e Dafne

Apolo e Dafne (Gian Lorenzo Bernini - 1598-1680), Galleria Borghese, Roma.

A bela Dafne foi o primeiro amor de Apolo. Não surgiu por acaso, mas pela malícia de Cupido. Apolo viu o menino brincando com seu arco e suas setas e, estando ele próprio muito envaidecido com sua recente vitória sobre Píton, disse-lhe:

- Que tens a fazer com armas mortíferas, menino insolente? Deixe-as para as mãos de quem delas sejam dignos. Vê a vitória que com elas alcancei, contra a vasta serpente que estendia o corpo venenoso por grande extensão da planície! Contenta-te com tua tocha, criança, e atiça tua chama, como costumas dizer, mas não te atrevas a intrometer-te com minhas armas.

O filho de Vênus ouviu essa palavras e retrucou:

- Tuas setas podem ferir todas as outras coisas, Apolo, mas as minhas podem ferir-te.

Assim dizendo, pôs-se de pé numa rocha do Parnaso e tirou da aljava duas setas diferentes, uma feita para atrair o amor; outra, para afastá-lo. A primeira era de ouro e tinha a ponta aguçada, a segunda, de ponta rombuda, era de chumbo. Com a seta de ponta de chumbo, feriu a ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu, e com a de ouro feriu Apolo no coração. Sem demora, o deus foi tomado de amor pela donzela e esta sentiu horror à idéia de amar. Seu prazer consistia nas caminhadas pelos bosques, sem pensar em Cupido nem em Himeneu (*). Seu pai muitas vezes lhe dizia:

"Filha, deves dar-me um genro, dar-me netos."

Temendo o casamento como a um crime, com as belas faces coradas, ela se abraçou ao pai, implorando:

"Concede esta graça, pai querido! Faze com que eu não me case jamais!"

A contragosto, ele consentiu, observando, ao mesmo tempo, porém:

- O teu próprio rosto é contrário a este voto.

Apolo amou-a e lutou para obtê-la; ele, que era o oráculo de todo o mundo, não foi bastante sábio para prever o seu próprio destino. Vendo os cabelos caírem desordenados pelos ombros da ninfa, imaginou:

"Se são tão belos em desordem, como deverão ser quando arranjados?"

Viu seus olhos brilharem como estrelas; viu seus lábios, e não se deu por satisfeito só em vê-los. Admirou suas mãos e os braços, nús até os ombros, e tudo que estava escondido da vista imaginou mais belo ainda. Seguiu-a; ela fugiu, mais rápida que o vento, e não se retardou um momento ante suas súplicas:

- Pára, filha de Peneu! - exclamou ele. Não sou um inimigo. Não fujas de mim, como a ovelha foge do lobo, ou a pomba do milhafre. É por amor que te persigo. Sofro de medo que, por minha culpa, caias e te machuques nestas pedras. Não corras tão depressa, peço-te, e correrei também mais devagar. Não sou um homem rude, um campônio boçal. Júpiter é meu pai, sou senhor de Delfos e Tenedos e conheço todas as coisas, presentes e futuras. Sou o deus do canto e da lira. Minhas setas voam certeiras para o alvo. Mas, ah!, uma seta mais fatal que as minhas atravessou-me o coração! Sou o deus da medicina e conheço a virtude de todas as plantas medicinais. Ah! sofro de uma enfermidade que bálsamo algum pode curar!


Apolo e Dafne (Gian Lorenzo Bernini - 1598-1680), Galleria Borghese, Roma.


A ninfa continuou sua fuga, nem ouvindo de todo a súplica do deus. E, mesmo a fugir, ela o encantava. O vento agitava-lhe as vestes e os cabelos desatados lhe caíam pelas costas. O deus sentiu-se impaciente ao ver desprezados os seus rogos e, excitado por Cupido, diminuiu a distância que o separava da jovem. Era como um cão perseguindo uma lebre, com a boca aberta, pronto para apanhá-la, enquanto o o débil animal avança, escapando no último momento. Assim voavam o deus e a virgem: ela com as asas do medo; ele com as do amor. O perseguidor é mais rápido, porém, e adianta-se na carreira: sua respiração ofegante, já atinge os cabelos da ninfa. As forças de Dafne começam a fraquejar e, prestes a cair, ela invoca seu pai, o rio-deus:

- Ajuda-me, Peneu! Abre a terra para envolver-me, ou muda minhas formas, que me têm sido fatais!

Mal pronunciara estas palavras, um torpor lhe ganha todos os membros; seu peito começou a revestir-se de uma leve casca; seus cabelos transformaram-se em folhas; seus braços mudam-se em galhos; os pés cravam-se no chão, como raízes; seu rosto tornou-se o cimo do arbusto, nada conservando do que fora, a não ser a beleza.

Apolo abraçou-se aos ramos da árvore e beijou ardentemente a madeira. Os ramos afastaram-se de seus lábios.

- Já que não podes ser minha esposa - exclamou o deus - serás minha planta preferida. Usarei tuas folhas como coroa; com elas enfeitarei minha lira e minha aljava; e quando os grandes conquistadores romanos caminharem para o Capitólio, à frente dos cortejos triunfais, serás usada como coroas para suas frontes. E, tão eternamente jovem quanto eu próprio, também hás de ser sempre verde e tuas folhas não envelhecerão.

(*) Himeneu: filho de Vênus, presidia aos casamentos e às festas nupciais.

Fonte: O Livro de Ouro da Mitologia - História de Deuses e Heróis, Thomas Bulfinch, Ediouro, 2000.

Legião - Um olhar sobre o Reino das Sombras (Trilogia O Reino das Sombras - Volume I) - Robson Pinheiro (pelo espírito Ângelo Inácio)



Sombra e luz, escuridão e claridade. Essa realidade dupla forma o interior do ser humano, que tenta negar-se a cada dia, enganando-se. A maioria das pessoas quer ser apenas luz. Recusam-se a identificar a sombra que faz parte delas. Religiosos de um modo geral falam de um lado sombrio, diabólico, umbralino, como se esse lado escuro fosse algo externo, ruim, execrável. Até quando negar a realidade íntima?

Até quando adiar o conhecimento do mundo interno? Inúmeras tentativas foram realizadas para conscientizar o homem terreno de que as chamadas trevas exteriores são apenas o reflexo do que existe dentro dele. Sob a condução do espírito Pai João, o mesmo pai-velho de Aruanda, romance anterior do espírito Ângelo Inácio, entregue-se a uma viagem inesquecível pela paisagem extrafísica que certamente revelará mil e um aspectos surpreendentes.,

A Hora das Bruxas (Volumes I e II) - Anne Rice





Anne Rice nos oferece a hipnótica saga de uma família em que durante quatro séculos sucedem-se contos de bruxarias e forças ocultas. Demonstrando, mais uma vez, seu dom narrativo, Anne Rice consegue recriar com impressionante realismo uma dinastia de feiticeiros: a família Mayfair, dada às lides da poesia e do incesto, do assassinato e da filosofia. E, também, através dos tempos, intermitentemente assombrada por um ser ao mesmo tempo perigoso e sedutor.

Essa história se inicia quando Rowan Mayfair, mulher bonita, neurocirurgiã brilhante, consciente dos seus poderes especiais, mas ignorante do fato de que eles são hereditários, encontra um homem afogado na costa da Califórnia e o faz retornar à vida. Ele é Michael Curry, alguém que lutou para superar a pobreza e que agora, na sua experiência de quase morte, percebe um novo poder sensorial que ao mesmo tempo fascina e assusta.

A medida que ambos, atraídos e apaixonados, se aliam para descobrir o mistério do passado dela e do poder inusitado dele, o romance começa a se desenrolar cronologicamente para frente e para trás, de Nova Orleans e São Francisco atuais para Amsterdã e um castelo na França de Luís XIV. Aos poucos, a verdade vai emergindo e conhecemos Suzanne Mayfair, que viveu na Escócia no século XVII e, para seu infortúnio e de seus descendentes, conjurou pela primeira vez o espírito que ela batizou de Lasher.

Das plantações de café de Port au Prince, onde se constrói a fortuna dos Mayfair, à guerra civil americana quando Julien, o único varão do clã a possuir os poderes, estabelece a dinastia nos EUA, essa história a um tempo sombria e luminosa descortina dramas de sedução e traição, episódios de cura e carinho. No cerne de tudo, a eterna luta entre o bem e o mal, sanidade e loucura, vida e morte.

Num fôlego contínuo, a imaginação de Rice leva o leitor a acompanhar Rowan em seu jogo inconsciente e arriscado, herança a que não pode fugir, até uma certa noite de Natal quando a saga familiar atinge seu surpreendente clímax.





A Talamasca, um grupo com poderes extra-sensoriais voltados para o bem, durante séculos pesquisou a vida da família Mayfair, uma dinastia de bruxas que começou no século XVII, na Escócia, transplantou-se para o Haiti e de lá para a fantasmagórica Nova Orleans. É através dos seus volumosos arquivos que vamos descobrir essa saga de seres decadentes e mórbidos, convivendo pacificamente com o incesto e as tempestades e um espírito, meio divindade celta, meio demônio, chamado Lasher.

Cabe agora a Rowan, brilhante neurocirurgiã californiana e herdeira do clã, decidir-se entre o amor de Michael Curry e a sedução de um ser poderoso que quer ficar nesse mundo para sempre.

Anne Rice mais uma vez prova por que é a mestra do gótico contemporâneo, dominando ao mesmo tempo, as rédeas do drama, da inspirada sexualidade e do fantástico.

Kairós



Para os gregos, cronos representava o tempo que falta para a morte, um tempo que se consome a si mesmo. Por isso, seu oposto é kairós: momentos afortunados que transcendem as limitações impostas pelo medo da morte!

Na mitologia grega, Kairós é um deus muito pequeno, que se parece com um elfo. Ele é representado pela imagem de um jovem homem nu, de asas nos ombros e nos tornozelos, que corre num movimento de fuga segurando uma lança. Sua cabeça é calva e contém uma única mecha, que representa a marca de sorte de uma oportunidade: se não formos capazes de segurá-la no instante em que ocorre, ela escorrega pela calvície de Kairós...

Kairós é o tempo oportuno, livre do peso de cargas passadas e sem ansiedade de anteceder o futuro. Ele se manifesta no presente, instante após instante.

Kairós (καιρός) é uma antiga palavra grega que significa "o momento certo" ou "oportuno". Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairós. Enquanto o primeiro refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, esse último é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o "tempo de Deus", enquanto chronos é de natureza quantitativa, o "tempo dos homens".

Na teologia cristã, em síntese pode-se dizer que chronos, o tempo humano (medido), é descrito em anos, dias, horas e suas divisões. Enquanto o termo kairós, que descreve "o tempo de Deus", não pode ser medido, pois "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia." (2 Pe 3:8).


Kairós (Francesco Salviati (1510 – 1563)


Circe oferecendo a taça a Ulisses (John William Waterhouse)

Sobre o Segundo Círculo

Esse blog não tem grandes pretensões... Não quer virar material de consulta de ninguém... Antes de tudo, pretende ser um canal de comunicação entre pessoas (que se conhecem) e tem objetivos em comum muito claros: auto-conhecimento e troca de informações a respeito dos temas propostos... Espiritualidade, mitologia, arte, ocultismo, religiões e tudo o que deriva disso... Bem-vindos são todos que se identificarem com essa filosofia.