Xangô



Yemanjá







Ossain







Oxumaré



Oxum





Oxaguian

Oxalufã





Ogum





Nanã

Omulu





A Erva do Diabo



O livro aborda a história dos cinco anos que Carlos Castaneda passou ao lado do índio yaqui dom Juan, em Sonora, México. Estudante de Antropologia da Universidade da Califórnia, Castaneda buscava informações para uma pesquisa de campo sobre ervas psicotrópicas utilizadas pelos antigos xamãs quando travou seu primeiro contato com o velho feiticeiro. A jornada espiritual narrada por Castaneda em 'A erva do diabo' apresentou ao mundo um processo de percepção cujas informações são apreendidas num sistema cognitivo que está além das sintaxes da civilização, além da memória, da experiência ou de qualquer conhecimento prévio - a realidade 'extra-sensorial' -, estimulado através dos usos do peyote e outras plantas alucinógenas em rituais sagrados dos xamãs.


O Mito de Afrodite e Adônis



Brincando, certo dia, com seu filho Eros, Afrodite feriu o peito em uma de suas setas. Afastou a criança, mas a ferida era mais profunda do que pensara. Antes de curá-la, Afrodite viu Adônis, e apaixonou-se por ele. Já não se interessava por seus lugares favoritos: Pafos, Cnidos e Amatos, ricos em metais. Afastava-se mesmo do céu, pois Adônis lhe era mais caro. Seguiu-o, fez-lhe companhia. Ela, que gostava de se reclinar à sombra, sem outras preocupações a não ser a de cultivar seus encantos, anda pelos bosques e pelos montes, vestida como a caçadora Diana; chama seus cães e caça lebres e cervos, ou outros animais fáceis de caçar, abstendo-se, porém, de perseguir os lobos e os ursos, rescendendo ao sangue dos rebanhos. Também recomenda a Adônis que tenha cuidado com tão perigosos animais:

— Sê bravo com os tímidos. A coragem contra os corajosos não é segura. Evita expor-te ao perigo e ameaçar minha felicidade. Não ataques os animais que a natureza armou. Não aprecio tua glória ao ponto de consentir que a conquistes expondo-te assim. Tua juventude e a beleza que encanta Afrodite não enternecerão os corações dos leões e dos rudes javalis. Pensa em suas terríveis garras e em sua força prodigiosa! Odeio toda a raça deles. Queres saber por quê?

E, então, contou a história de Atalanta e Hipómenes, que ela transformara em leões, para castigo da ingratidão que lhe fizeram.

Tendo feito essa advertência, Afrodite subiu ao seu carro, puxado por cisnes, e partiu, através dos ares. Adônis, porém, era demasiadamente altivo para seguir tais conselhos. Os cães haviam expulsado um javali de seu covil e o jovem lançou seu dardo, ferindo o animal de lado. A fera arrrancou o dardo com os dentes e investiu contra Adônis, que virou as costas e correu; o javali, porém, alcançou-o, cravou-lhe os dentes no flanco e deixou-o moribundo na planície.

Afrodite, em seu carro puxado por cisnes, ainda não chegara a Chipre, quando ouviu, cortando o ar, os gemidos de seu amado, e fez voltar para a terra os corcéis de brancas asas. Quando se aproximou e viu, do alto, o corpo sem vida de Adônis, coberto de sangue, desceu e, curvando-se sobre ele, esmurrou o peito e arrancou os cabelos. Acusando as Parcas, exclamou:

— Sua ação, porém, constituiu um triunfo parcial. A memória de meu sofrimento perdurará, e o espetáculo de tua morte e de tuas lamentações, meu Adônis, será anualmente renovado. Teu sangue será mudado numa flor; este consolo ninguém pode negar-me.

Assim falando, espalhou néctar sobre o sangue e, ao se misturarem os dois líquidos, levantaram-se bolhas, como numa lagoa quando cai a chuva, e, no espaço de uma hora, nasceu uma flor cor-de-sangue, como a da romã. Uma flor de vida curta, porém. Dizem que o vento lhe abre os botões e depois arranca e dispersa as pétalas; assim, é chamada de anêmona, ou flor-do-vento, pois o vento é a causa tanto de seu nascimento como de sua morte.

Milton faz alusão ao episódio de Afrodite e Adônis, em "Comus"

Entre moitas de rosas e jacintos,
Muitas vezes repousa o jovem Adônis
Amortecida a dor, e a seu lado
Jaz a triste rainha dos assírios...

Fonte: O Livro de Ouro da Mitologia (Thomas Bulfinch)

O Mito de Apolo e Jacinto

Apolo e Jacinto de Andrea Appiani

Apolo amava apaixonadamente um jovem chamado Jacinto. Acompanhava-o em suas diversões, levava a rede quando ele pescava, conduzia os cães quando ele caçava, seguia-o em suas excursões pelas montanhas e esquecia, por sua causa, a lira e as setas. Certo dia, os dois divertiram-se com um jogo e Apolo, impulsionando o disco, com força e agilidade, lançou-o muito alto no ar. Jacinto contemplou o disco e, excitado com o jogo, correu a apanhá-lo, ansioso por fazer a sua jogada, mas o disco saltou na terra e atingiu-o na testa. O jovem caiu desmaiado. O deus, pálido como Jacinto, ergueu-o e tratou de aplicar toda a sua arte, para estancar o sangue e conservar a vida que se esvanecia, mas tudo em vão: o ferimento estava além dos poderes da medicina. Como um lírio cuja haste quebrou-se num jardim, curva-se e volta para a terra suas flores, assim a cabeça do jovem moribundo, como se tivesse se tornado muito pesada para o pescoço, pendeu sobre o ombro.

— Morreste, Jacinto — exclamou Apolo —, roubado por mim de tua juventude. O sofrimento é teu, e meu o crime. Pudesse eu morrer por ti! Como, porém, isto é impossível, viverás comigo, na memória e no canto. Minha lira há de celebrar-te, meu canto contará teu destino e tu te trans-formarás numa flor gravada com minha saudade.

Enquanto Apolo falava, o sangue que escorrera para o chão e manchara a erva, deixou de ser sangue; uma flor de colorido mais belo que a púrpura tíria nasceu, semelhante ao lírio, com a diferença de que é roxo, ao passo que o lírio é de uma brancura argêntea. E isso não foi bastante para Febo. Para conferir ainda maior honra, deixou seu pesar marcado nas pétalas, e nelas escreveu "Ai! Ai!", como até hoje se vê. A flor tem o nome de jacinto e sempre que a primavera volta, revive a memória do jovem e lembra o seu destino.

Conta-se que Zéfiro (o vento oeste), que também amava Jacinto e tinha ciúme da preferência de Apolo, desviou o disco de seu rumo para fazê-lo atingir o jovem. Keats faz alusão a isso no "Endimião", quando descreve os espectadores do jogo de argolas:

Contemplam os jogadores dos dois lados
Lembrando, ao mesmo tempo,
A sorte de Jacinto, quando o sopro,
De Zéfiro o matou;
De Zéfiro que, agora, penitente,
Quando Febo se eleva
No céu, as pétalas da florzinha beija.

Também no "Lycidas" de Milton há uma alusão ao jacinto:

A roxa flor que traz a dor impressa.

Obs: Evidentemente, não é o jacinto moderno que aqui se descreve. Trata-se, talvez de alguma espécie de íris ou possivelmente, da esporinha ou do amor-perfeito.

Fonte: O Livro de Ouro da Mitologia (Thomas Bulfinch)

Santa Sara Kali e a Linhagem Sagrada



Seria Santa Sara Kali, a padroeira dos ciganos, filha de Jesus com Maria Madalena?

O que diz a lenda sobre a fugitiva Sagrada Família? No Novo Testamento, o Evangelho de Mateus relata que a Sagrada Família fugiu para o Egito com o objetivo de evitar que seu filho fosse morto pelo rei Herodes, que estava preocupado com a sua reivindicação ao trono de Israel. José, o marido de Maria, recebeu uma mensagem em um sonho para fugir com ela e Jesus para o Egito (Mateus 2:13). Os modernos estudiosos da Bíblia acreditam que tudo isso é um mito usado pelo autor desse Evangelho para fazer cumprir as palavras do profeta: "...e do Egito chamei meu filho" (Oséias 11:1). A indicação da verdade nessa história é a forte tradição de perigo para a linhagem real de Judá. Um Evangelho apócrifo é a fonte da tradição de que o cajado de São José floriu para indicar que Deus o escolhera para ser marido de Maria e pai terreno de Jesus. Mas o "cajado florido" - mostrado na mão de São José nas igrejas católicas de todo o mundo - também serve para nos lembrar de que José era o guardião da "muda”, que seria o próprio Jesus, com base em uma profecia de Isaías: "Então brotará um rebento do cepo de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará" (Isaías 11:1).

Contudo, uma tradição derivada de uma antiga lenda francesa nos diz que... José de Arimatéia era o guardião do Sangraal e que a criança no barco era egípcia, o que significa, literalmente, "nascida no Egito”. Parece provável que depois da crucificação de Jesus, Maria Madalena tenha considerado necessário esconder-se no refúgio mais próximo para proteger seu filho ainda não nascido. José de Arimatéia, influente amigo de Jesus, pode ter sido o seu protetor.



Se nossa teoria está certa, a criança nasceu de fato no Egito, tradicional lugar de asilo para judeus cuja segurança se encontrava ameaçada em Israel. Alexandria era acessível a quem partia da Judéia e abrigava comunidades judaicas consolidadas na época de Jesus. É muito provável que tenha sido então o refúgio emergencial de Maria Madalena e José de Arimatéia. Anos mais tarde, eles teriam deixado Alexandria e buscado um lugar mais seguro no litoral da França.

Estudiosos de arqueologia e lingüística descobriram que os topônimos e lendas de uma região contêm "fósseis" de seu passado remoto. Os fatos podem ser alterados e as narrativas abreviadas no decorrer do tempo, mas traços "fossilizados" da verdade permanecem enterrados sob os nomes de pessoas e lugares. Todo ano, de 23 a 25 de maio, realiza-se um festival na cidade de Les-Saintes-Maries-de-La-Mer, na França, no santuário dedicado a Santa Sara, a egípcia, também chamada de Sara Kali, a "Rainha Negra': As pesquisas revelaram que esse festival, cuja origem remonta à Idade Média, homenageia uma criança "egípcia" que acompanhava Maria Madalena, Marta e Lázaro quando de sua chegada à região, num pequeno barco, por volta do ano 42 d.C. Parece que se difundiu entre os habitantes locais a suposição de que a criança, por ser "egípcia”, tinha pele escura. Como não se encontrou nenhuma outra explicação razoável para a sua presença, deduziu-se, posteriormente, que ela devia ter vindo de Betânia como serva da família.



O nome Sara significa "rainha" ou "princesa" em hebraico. Essa Sara é também caracterizada nas lendas locais como uma "jovem", não mais que uma criança. Existe, portanto, num pequeno povoado do litoral da França, um festival anual em homenagem a uma menina de pele escura chamada Sara. O "fóssil" dessa lenda está no fato de a criança se chamar "princesa': em hebraico. Uma filha de Jesus nascida depois da fuga de Maria Madalena para Alexandria teria cerca de 12 anos na época da viagem à Gália referida na história. Ela, como os príncipes da linhagem de Davi, é simbolicamente negra, "não reconhecida nas ruas" (Lamentações 4:8). Madalena era ela própria o "Sangraal”, no sentido de ter sido o "cálice", ou receptáculo, que um dia carregara in utero a descendência real. A negritude simbólica da Noiva dos Cânticos e dos príncipes davídicos das Lamentações se estende a essa Maria escondida e sua filha. O festival de Sara Kali, a Negra Sara, parece assim acontecer em homenagem a essa mesma criança simbolicamente negra.

Acredita-se que as pessoas que, nos séculos posteriores, conheceram essa lenda e a identidade de Madalena como mulher de Jesus a equipararam à Noiva Negra dos Cânticos. Ela era a Noiva-Irmã e a Amada. Sua "negritude" teria sido simbólica de sua condição oculta. Tratava-se da rainha desconhecida - não declarada, repudiada e caluniada pela Igreja no transcorrer dos séculos, numa tentativa de negar a linhagem legítima e manter suas próprias doutrinas sobre a divindade e o celibato de Jesus.



Fósseis da verdade permanecem enterrados em símbolos, nomes de pessoas e lugares, rituais e contos folclóricos. Ao entendermos isso, torna-se plausível que a fuga para o Egito tenha sido empreendida pelo "outro José”, José de Arimatéia, e a "outra Maria”, Maria Madalena, após a crucificação, para proteger dos romanos e dos filhos de Herodes o filho ainda não nascido de Jesus. As discrepâncias na história e o óbvio pulo de uma geração podem ser facilmente compreendidos à luz do perigo que rondava a linhagem - exigindo todo o segredo possível quanto ao seu esconderijo - e em decorrência do tempo que transcorreu antes que o relato fosse redigido. Parece ser mais um caso de um mito que foi se formando, uma vez que a verdade era perigosa demais para ser contada.

Fonte: "Maria Madalena e o Santo Graal - A mulher do vaso de alabastro" de Margaret Starbird (um dos livros que inspiraram "O Código Da Vinci" de Dan Brown)

Iansã, a Dona do Raio e do Vento




Oyá-Iansã na África

Oya (Oiá) é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Níger que, em iorubá, chama-se Odò Oya. Foi a primeira mulher de Xangô e tinha um temperamento ardente e impetuoso. Conta uma lenda que Xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder.

Oyá foi, no entanto, a única das mulheres de Xangô que, ao final do seu reinado, segui-o na sua fuga para Tapa. E, quando Xangô recolheu-se para baixo da terra em Kossô, ela fez o mesmo em Irá. O reino de Oyá por isso chama-se Onira.

Antes de se mulher de Xangô, Oiá tinha vivido com Ogum. Todavia,a aparência do deus do ferro e dos ferreiros causou-lhe menos efeito que a elegância, o garbo e o brilho do deus do trovão. Ela fugiu com Xangô, e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar o seu rival; mas este último foi à procura de Olodumaré, o deus supremo, para lhe confessar que perdoasse a afronta. E explicou-lhe: “Você, Ogum, é mais velho do que Xangô! Se, como mais velho, deseja preservar sua dignidade aos olhos de Xangô e aos outros orixás, você não deve se aborrecer nem brigar; deve renunciar a Oiá sem recriminações”. Todavia, Ogum não foi sensível a esse apelo, dirigido aos sentimentos de indulgência. Não se resignou tão calmamente assim, lançou-se à perseguição dos fugitivos e, trocou golpes de varas mágicas com a mulher infiel. Que foi então, dividida em nove partes. Este números 9, ligado a Oiá, está na origem de seu nome Iansã e encontramos esta referência no ex-Daomé, onde o culto de Oiá é feito em Porto Novo sob o nome de Avosan, no bairro Akron ( Lokoro dos Iorubás) e sob o de Abosan, mais ao norte em Baningbê. Esses nomes teriam por origem a expressão Aborimosan (“ com nove cabeça” ), alusão aos supostos nove braços do delta do Níger.



Uma outra indicação da origem desse nome nos é dada pela lenda da criação da roupa de Egúngún por Oiá. Roupas sob as quais, em certas circunstâncias, os mortos de uma família voltam a terra a fim de saudar seus descentes. Oiá é o único orixá capaz de enfrentar e de dominar os Egúngún.

Oiá lamentava-se de não ter filhos. Esta triste situação era conseqüência da ignorância a respeito das suas proibições alimentares. Embora a carne de cabra lhe fosse recomenda, ela comia a de carneiro. Oiá consultou um babalaô, que lhe revelou o seu erro, aconselhando-a a fazer oferendas, entre as quais deveria haver um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as vestimentas dos Egúngún. Tendo cumprido essa obrigação, Oiá tornou-se mãe de nove crianças, o que se exprime em iorubá pela frase: “ Iyá omo mésàn, Origem de seu nome Iansã. Quanto ao seu outro nome Oya, há uma lenda que faz alusão à sua origem explicando-a por um jogo de palavras. Nela se conta “ como uma cidade chamada Ipô esta ameaçada de destruição, invadida pelos guerreiros tapás. Para preserva-la foi feita uma oferenda das roupas do rei dos ipôs. Esse traje era de tal beleza que as galinhas do lugar puseram-se a cacarejar de surpresa – razão pela qual, diz-se gravemente na lenda, as galinhas cacarejam até hoje, sempre estão em presença de qualquer coisa estranha. Esse prestigioso traje foi rasgado (ya) em dois para servir para servir de almofada de apoio às cabaças de oferendas. Apareceu então, misteriosamente, uma água que se espalhou (ya), inundando os arredores da cidade e afogando os agressores tapas. Quando os habitantes de Ipô procuraram um nome para este rio que surgiu e se espalhou, ya, quando as roupas foram rasgadas, ya, decidiram chamá-lo Odò Oya.



Existe uma lenda, conhecida na África e no Brasil, que explica de que maneira os chifres de búfalo vieram a ser utilizados no ritual do culto de Oyá-Iansã: “Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para mata-lo quando o animal, parando subitamente, retirou sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos. Era Oiá-Iansã. Ela escondeu a pele formigueiro e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o no fundo de uma depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida, ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo. Ele chegou a pedi-la em casamento, mas Oiá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitou, quando, de volta à floresta, não mais achou a sua pele. Oiá recomendou ao caçador não contar a ninguém que, na realidade, ela era um animal. Viveram bem durante alguns anos. Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ogum. Estas, porém, conseguiram descobrir o segredo da aparição da nova mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantor: “ Máa je, máa um, àwò ro nbo nínú àká” , Você Pode beber e comer (e exibir sua beleza), mas a sua pele está no deposito (você é um animal).

“Oiá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixaram os seus chifres com os filhos, dizendo-lhes: Em caso de necessidade, batam um contra o outro, e eu virei imediatamente em vosso socorro. É por essa razão que chifres de búfalos são sempre colocados nos locais consagrados a Oyá-Iansã”.

Os oríkì dirigidos a Iansã descrevem-na bastante bem:
“Oyá, mulher corajosa que, os acordar, empunhou um sabre” .
Oyá, mulher de Xangô.
Oyá, cujo marido é vermelho.
Oyá, que embeleza seus pés com pó vermelho.
Oyá, que morre corajosamente com seu marido.
Oyá, vento da morte.
Oyá, ventania que balança as folhas das árvores por toda parte.
Oyá, a única que pode segurar os chifres de um búfalo” .


Oyá-Iansã no Novo Mundo

As pessoas dedicadas a Iansã, nome sob o qual ela é mais conhecida no Brasil, usam colares de contas de vidro grená. A quarta-feira é o dia da semana consagrado a ela, o mesmo dia de Xangô, seu marido. Seus símbolos são como na África: os chifres de búfalo e um alfanje, colocados sobre seu “ pejí” . Ela recebe sacrifícios de cabras e oferendas de acarajés (àkàrà na África). Ela detesta abóbora e a carne de carneiro lhe é proibida.

Quando se manifesta sobre um dos iniciados, ela está adornada com uma coroa cujas franjas de contas escondem o seu rosto. Ela traz um alfanje em uma das mãos e um
espanta-moscas feito de cauda de cavalo na outra. Suas danças são guerreiras e, se Ogum está presente, ela se engaia num duelo com ele, lembrança, sem dúvida, de suas antigas divergências. Ela evoca também, através de seus movimentos sinuosos e rápidos, as tempestades e os ventos enfurecidos. Seus fiéis saúdam-na gritando: “ Epa Hey Oya!”.

No Brasil, Oya é sincretizada com Santa Bárbara e, em Cuba, com Nuestra Señona de la Candelária.

Certa Iansãs, chamadas Yánsàn de Igbalè, ligadas ao culto dos mortos, os Egúngún, quando dançam parecem expulsar as almas errantes com seus braços largamente abertos e estendidos para a frente.


Arquétipo

O arquétipo de Oyá-Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que podem ser fiéis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações a mais extrema cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento sensual e voluptuoso pode leva-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decências, o que não as impede de
continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados.




Fonte: "Os Orixás" de Pierre Verger

Teurgia

Ilustração: "Fausto de Goethe" - Rembrant


A palavra Teurgia é grega e provém de theoi, "Deuses," e ergein, "obra", significando não somente "Obra Divina" mas também "Obra de Deus " ou "produzindo a obra dos deuses ", e foi utilizada em contraste com a teologia, que meramente discutia sobre os deuses, e teoria, a pura contemplação filosófica e intuitiva promovida por Plotino.

Em seu conceito literal, Teurgia é uma palavra criada pelos neoplatônicos da Escola de Plotino e Amônio Saccas para caracterizar um tipo de magia, em que a produção de fenômenos estava subordinada aos movimentos de expansão da consciência, sendo uma conseqüência indireta das ações da consciência. Por ser um conceito excessivamente sutil, passou para o vernáculo de forma simplificada, como a prática mágica que envolve comunicações com os anjos e os espíritos planetários (vide Cabala e Enoch).

Diferentemente da Teologia, a Teurgia não se baseia em uma contextualização religiosa de fundo histórico e social, e sim numa percepção intrínseca sobre a natureza do Divino, proveniente de místicos de todas as eras. A Tradição iniciatória universal não pode ser considerada uma contextualização histórica, tal como a teologia, visto que sempre existiu em todos os povos e em todas as épocas.Na própria Grécia, considerada a sede da vertente da filosofia e do racionalismo, a tradição iniciatória existiu durante toda a história grega, no eixo que vai de Orfeu a Apolônio de Tiana, passando por Pitágoras, Platão, Plotino e as instituições de mistérios de Elêusis e da Samotrácia.A compreensão humana acerca da natureza do divino só pode ser desenvolvida de forma parcial e através de “aproximações sucessivas” e insights. A mente finita não pode, obviamente, entender o infinito. Pode captá-lo parcialmente através de sua intuição espiritual.

Os protomagos da época clássica, que praticavam (ou se esforçavam para tal) a animação de imagens, eram conhecidos como TEURGOS. Sempre existiu uma estreita relação entre a Teurgia e as doutrinas herméticas e gnósticas. Ambas foram influenciadas pelo idealismo platônico, que sustentava que os objetos materiais não passavam de reflexos, impermanentes e imperfeitos da verdadeira “realidade”.

Um exemplo rústico, como "cavalo", apenas para ajudar a compreensão da teoria: Todos os cavalos do mundo são reflexos de uma cavalo ideal e eterno, que reúne a essência de todas as qualidades que constituem a “condição de cavalo".

O texto mais sagrado dos teurgos era o "Oráculo da Caldéia”, coletânea de sentenças atribuídas a Zoroastro, o reformador da religião persa, as quais, entretanto podem ter sido recopiladas (ou talvez escritas) por Juliano, neoplatônico do século II d.C.Da vida de Juliano sabe-se muito pouco. Autores pagãos de épocas tardias apresentam-no como um teurgista dotado de grandes poderes, capaz de invocar até aos deuses para que se “incorporassem” de forma tangível, viajar em espírito ou controlar fenômenos atmosféricos.

A Profecia Celestina (James Redfield)



Um antigo manuscrito é encontrado nas florestas peruanas, contendo nove visões que a humanidade precisa conhecer. Este é o ponto de partida do best seller A Profecia Celestina, de James Redfield , um romance cheio de ação onde o leitor é convidado para participar de uma saga em busca da verdade espiritual.

A cada capítulo o leitor acompanha as aventuras de uma homem em busca da sua própria verdade. Seu destino é chegar no alto das montanhas dos Andes e compreender o significado contido nas nove visões anunciados num velho manuscrito peruano. Ao longo deste caminho, o leitor apreende e compreende cada uma dessas visões.

A Profecia Celestina é um livro que chegou para iluminar a nossa compreensão do futuro. Afinal ele trata o saber espiritual como parte do nosso cotidiano. É a consciência das chamadas "coincidências", uma visão positiva e global sobre a vida humana na terra.



Circe oferecendo a taça a Ulisses (John William Waterhouse)

Sobre o Segundo Círculo

Esse blog não tem grandes pretensões... Não quer virar material de consulta de ninguém... Antes de tudo, pretende ser um canal de comunicação entre pessoas (que se conhecem) e tem objetivos em comum muito claros: auto-conhecimento e troca de informações a respeito dos temas propostos... Espiritualidade, mitologia, arte, ocultismo, religiões e tudo o que deriva disso... Bem-vindos são todos que se identificarem com essa filosofia.